Formador

Rosália Coelho

Destinatários

Educadores de Infância, Professores do Ensino Básico, Secundário e Educação Especial

Releva

Despacho n.º 5741/2015 - Enquadra-se na possibilidade de ser reconhecida e certificada como ação de formação de curta duração a que se refere a alínea d) do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 22/2014. 

Certificado pelo

CDCP - Conselho de Diretores da Comissão Pedagógica

Entidade formadora/Parceria

Centro de Formação de Escolas Novafoco

Enquadramento

A Perturbação da Aprendizagem Específica (PAE), que integra dificuldades específicas na leitura (dislexia), na escrita (disortografia) ou na matemática, constitui um dos desafios mais frequentes no percurso escolar. A literatura aponta para uma prevalência entre 5% e 15% das crianças em idade escolar, independentemente da língua ou cultura (American Psychiatric Association, 2013/2022 – DSM-5 / DSM-5-TR). Em Portugal, os estudos realizados por Vale, Sucena e Viana (2011) identificam que 5,4% das crianças apresentam alguma forma de PAE, confirmando a relevância desta problemática no contexto educativo nacional. A investigação tem sido inequívoca quanto à necessidade de intervenção precoce. Reid Lyon, diretor do National Institute of Child Health and Human Development, demonstra que, quando o risco é detetado entre os 5 e os 7 anos, cerca de 30 minutos diários de intervenção estruturada podem ser suficientes para evitar trajetórias de insucesso. Se a intervenção for adiada para os 8 ou 9 anos, serão necessárias duas horas diárias para alcançar efeitos semelhantes. Estes dados sublinham um princípio fundamental: quanto mais tarde se intervém, maior o impacto pedagógico, emocional e temporal para a criança. A pertinência desta formação reforça-se ainda com evidências atuais da neurociência e da psicologia da educação (Shaywitz, 2020; Snowling & Hulme, 2021), que demonstram que: • as dificuldades na leitura e na escrita não desaparecem espontaneamente; • a intervenção estruturada, explícita e sistemática produz ganhos significativos; • a identificação precoce é determinante para reduzir consequências académicas futuras; • a formação dos docentes é um dos fatores que mais influencia o sucesso das intervenções. Para além do impacto académico, estudos internacionais (European Agency for Special Needs and Inclusive Education, 2022) evidenciam que crianças com dificuldades persistentes na leitura e na escrita apresentam maior risco de baixa autoestima, ansiedade, retraimento social, desmotivação e sentimentos de incapacidade aprendida. No contexto português, o Decreto-Lei n.º 54/2018 estabelece a importância de identificar precocemente as barreiras à aprendizagem e à inclusão, exigindo que as escolas implementem medidas universais, seletivas e adicionais, bem fundamentadas e adequadas ao perfil de cada aluno. A crescente diversidade linguística, cultural e socioeducativa das turmas — nomeadamente com a presença de alunos migrantes — torna ainda mais urgente formar os docentes para distinguir entre dificuldades associadas à aprendizagem da língua e indicadores neurocognitivos de PAE. Assim, esta ação de formação procura capacitar os docentes para: • reconhecer sinais precoces de risco em leitura e escrita; • compreender a natureza neurocognitiva da PAE; • aplicar estratégias de intervenção baseadas na evidência científica; • promover ambientes de sala de aula que apoiem a confiança, a motivação e o sucesso académico; • colaborar eficazmente com famílias, equipas multidisciplinares e serviços especializados; • reduzir o impacto emocional e escolar associado às dificuldades persistentes. Investir na formação de professores nesta área é investir em justiça educativa, em prevenção e na construção de percursos escolares mais equitativos. Cada criança merece ser reconhecida no seu ritmo, nas suas possibilidades e no seu direito a aprender — com estratégias ajustadas, no momento certo.

Objetivos

Objetivo Geral Capacitar os docentes para identificar precocemente indicadores de Perturbação da Aprendizagem Específica (PAE) na leitura e na escrita e implementar estratégias pedagógicas baseadas na evidência científica que promovam o sucesso escolar, a inclusão e o bem-estar emocional dos alunos. Objetivos Específicos • Compreender a natureza neurocognitiva das Perturbações de Aprendizagem Específicas e distinguir dificuldades ocasionais de indicadores clínicos consistentes. • Identificar sinais de alerta precoces em crianças, reconhecendo padrões comportamentais, linguísticos e académicos associados às PAE. • Desenvolver competências para aplicar estratégias de instrução estruturada, explícita e diferenciada em leitura e escrita. • Saber ajustar metodologias de acordo com o Decreto-Lei n.º 54/2018 e com princípios de educação inclusiva. • Reforçar a capacidade de colaboração com famílias e equipas multidisciplinares (EMAEI, SPO, terapeutas da fala, psicólogos). • Promover práticas pedagógicas que fortalecem a motivação, a autoestima e a autorregulação emocional dos alunos com PAE. • Reconhecer o impacto emocional e social das dificuldades de leitura e escrita e integrar estratégias de suporte socioemocional. • Desenvolver instrumentos simples de rastreio pedagógico e registo de observações para apoiar tomadas de decisão educativas. EFEITOS A PRODUZIR (IMPACTO ESPERADO) • Docentes mais capacitados para identificar precocemente dificuldades específicas de leitura e escrita, reduzindo trajetórias de insucesso prolongado. • Melhoria da qualidade da intervenção pedagógica, com maior segurança na utilização de estratégias estruturadas, explícitas e fonológicas. • Implementação mais eficaz das medidas do DL 54/2018, garantindo respostas alinhadas com as necessidades dos alunos. • Aumento da confiança profissional dos docentes na gestão de alunos com PAE, resultando em práticas pedagógicas mais intencionais e fundamentadas. • Redução da ansiedade e problemas emocionais associados às dificuldades persistentes de leitura e escrita, promovendo ambientes socioemocionais mais seguros. • Diminuição de comportamentos disruptivos associados à frustração académica, favorecendo um clima de sala de aula mais regulado e cooperativo. • Melhor comunicação entre escola e famílias, baseada na compreensão científica da PAE e no trabalho conjunto com as equipas multidisciplinares. • Promoção da inclusão educativa, garantindo que nenhum aluno fica para trás por falta de reconhecimento ou intervenção atempada.

Conteúdos

Enquadramento e Bases Conceptuais (30 minutos) 1.1. Definição e critérios da Perturbação da Aprendizagem Específica (PAE) • O que é PAE segundo o DSM-5-TR • Diferença entre dificuldades de aprendizagem e perturbação específica • Relação entre leitura, escrita e neurodesenvolvimento 1.2. Prevalência e impacto na escola portuguesa • Dados internacionais (5%–15%) • Dados nacionais (Sucena, Viana & Vale, 2011) • Efeitos cognitivos, emocionais e sociais da PAE 1.3. Importância da intervenção precoce • Evidência de Reid Lyon (5–7 anos vs. 8–9 anos) • Consequências da intervenção tardia Identificação Precoce e Sinais de Alerta (45 minutos) 2.1. Indicadores de risco na leitura • Consciência fonológica • Decodificação / automatização • Fluência e precisão • Compreensão leitora 2.2. Indicadores de risco na escrita • Processos fonológicos e ortográficos • Erros frequentes e persistentes • Desorganização textual • Velocidade e qualidade gráfica Estratégias de Intervenção na Leitura e Escrita (60 minutos) 3.1. Ensino estruturado e explícito (Science of Reading) • Princípios base: sistematicidade, intencionalidade, repetição • Modelo IEPD (Instrução Explícita Passo a Passo) 3.2. Estratégias práticas para a leitura • Treino fonológico (sílabas, rimas, consciência fonémica) • Correspondências grafema–fonema • Leitura repetida • Leitura assistida • Construção progressiva de fluência 3.3. Estratégias práticas para a escrita • Ortografia: regras, padrões e exceções • Escrita guiada e co-construída • Práticas de revisão simples e eficazes • Atividades para fortalecer memória de trabalho verbal Intervenção em Sala de Aula e Medidas do DL 54/2018 (30 minutos) 4.1. Medidas aplicadas à PAE • Ajustes pedagógicos simples • Diferenciação na leitura e escrita 4.2. Trabalho colaborativo com famílias e técnicos • Comunicação clara e positiva • Estratégias para alinhar escola–família

Metodologias

A formação decorrerá inteiramente online, privilegiando práticas interativas, participativas e orientadas para a aplicação imediata em sala de aula. Assim, serão utilizadas as seguintes metodologias: 1. Exposição interativa com apoio multimédia • Apresentação de conteúdos através de diapositivos (PPT). • Explicação orientada dos conceitos-chave com exemplos concretos. 2. Visionamento e análise de vídeos e áudios curtos • Visualização de pequenos excertos que ilustram estratégias de leitura e escrita. • Debate orientado sobre práticas eficazes e implicações pedagógicas. 3. Estudo de caso • Apresentação de um caso típico de PAE em leitura e escrita. • Análise dos sinais, necessidades e estratégias adequadas. • Propostas de intervenção. 4. Síntese final e clarificação de dúvidas • Revisão colaborativa dos conceitos principais. • Espaço aberto para perguntas e partilha de inquietações. • Sugestões práticas para aplicar já no dia seguinte na sala de aula.

Modelo

Questionário Final de Avaliação

Cronograma